sexta-feira, 16 de novembro de 2018

Olha um mosquito! Será o mosquito da dengue?

Diferenciando os 3 gêneros de mosquitos que estão chegando a todo vapor neste verão:

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O mais popular deles são os mosquitos do gênero Culex de hábito noturno e crepuscular, atacam o homem (ou seja, são antropofílicos - nome bonito, não?) e uma enorme variedade de animais.
Os seus ovos não são resistentes à dessecação, murcham fora d'água, e são depositados em conjuntos em forma de "jangadas", mas há exceções a esta regra. Criam-se em poças no solo ou em recipientes, naturais ou artificiais, na maioria das vezes em caráter permanente.
São muito atraídos pela luz artificial e muitas vezes compõem a maior parte das capturas feitas com armadilhas luminosas.

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Culex spp

É o mosquito mais frequente dentro das casas, no Brasil, sendo, em muitas cidades, praticamente o único a sugar o sangue do homem dentro das casas, à noite. Encontrado dentro das habitações, se abrigando embaixo e atrás dos móveis, em sótão ou porão, principalmente nos dormitórios, antes e após a alimentação sanguínea. Embora divida com o Aedes spp o território na habitação humana e suas vizinhanças, o Culex spp ocupa nichos diversos e atua em horário diferente daquele, apresentando nítidas diferenças biológicas. Suas larvas encontram-se em águas com muita matéria orgânica em decomposição, muitas vezes em fermentação, poluídas e turvas.

Comparando duas espécies, as fêmeas de Culex quinquefasciatus sugam à noite e as de Aedes aegypti durante o dia. Os ovos de Culex quinquefasciatus são depositados diretamente sobre a água dos criadouros, em "jangadas", enquanto que os de Aedes aegypti (resistentes à dessecação) são depositados, individualmente, fora do líquido dos criadouros já formados ou não, em locais úmidos que o nível d'água alcançará, no futuro. Ambos os mosquitos são estenogâmicos, ou seja, conseguem se acasalar em pequenos espaços, durante o voo ou pousados sobre uma superfície. 

Os 3 gêneros apresentam algumas características, desde os ovos até a fase adulta, que permitem diferencia-los:

Postura de ovos:

http://kingfoam.com/wp-content/uploads/2015/05/mosquitoes-2-en.jpg

Morfologia das larvas:

 https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhKdBdnAMfIIDXPY-58hNUHSiLS8uO-7zRnHIdejo56eE8QfOCYFf1jRecIewiRjhb_4pz4rMvhqdTSv1a4Dw1VjHx4fHTytqILUXL-XRUXPONf0w6g0ayIGu0fAWtNfwG1t29CSKLlkkLk/s1600/culicideos.jpg
Comparação entre larvas


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Na forma adulta, as diferenças são demonstradas nas figuras abaixo:

Fonte: http://www.casadaciencia.com.br/o-fim-da-picada

Já vimos algumas características do gênero Culex, agora alguns detalhes do famoso Aedes spp.

Fonte: https://jornalibia.com.br/noticias/saude/calor-e-chuva-ambiente-preferido-do-aedes-aegypti

Eles têm hábito diurno ou crepuscular vespertino, sendo mais agressivos e oportunistas, depositam seus ovos, isoladamente, diretamente sobre a superfície líquida ou em um substrato úmido, próximo à água ou em local inundável. Algumas espécies produzem ovos resistentes à dessecação, permitindo sua permanência por mais de um ano em locais secos. As larvas nascem facilmente, com um posterior contato dos ovos com a água. Devido a essa característica, os Aedini, como podemos chamar os indivíduos desse gênero, têm os criadouros transitórios, que são condicionados diretamente pela quantidade de chuvas e pela temperatura ambiente. Seus criadouros, representados pelas poças d'água e pelos recipientes naturais e artificiais, são preenchidos quase somente na época chuvosa. Cabe destacar aqui os principais criadouros artificiais: pneus, latas, vidros, cacos de garrafa, pratos de vasos e xaxins, vasos de cemitério, caixas d'água, tonéis, latões e cisternas destampadas ou mal tampadas, ou mesmo os lagos artificiais, piscinas e aquários abandonados.

Fonte: https://www.pereirabarreto.sp.gov.br/images/2015/Junho/30/dengue_099d6.jpg
Dentro as diversas espécies do gênero Aedes, a mais popular e temida pelas pessoas é o Aedes aegypti, o famoso mosquito transmissor da Dengue, Zika, Chikungunya e Febre amarela.

A febre amarela, embora causada por um mesmo tipo de arbovírus (um Flavivirus), pode se manifestar, epidemiologicamente, de duas formas: Febre Amarela Silvestre e Febre Amarela Urbana. A forma silvestre é veiculada na floresta por mosquitos silvestres (gêneros Haemagogus e Sabethes) que picam animais suscetíveis ao vírus, especialmente macacos, transmitindo a enfermidade entre eles. A transmissão ao homem se dá quando este visita uma floresta, ou mesmo mora próximo de uma região de mata, e é picado por desses mosquitos silvestres infectados, contraindo assim a febre amarela silvestre.

IMPORTANTE: OS MACACOS NÃO TRANSMITEM FEBRE AMARELA!

Por outro lado, a forma urbana da febre amarela é veiculada dentro das cidades e vilas, de homem para homem, pelo A. aegypti. Devido a sua elevada endofilia, antropofília e susceptibilidade ao vírus da febre amarela, o Ae. aegypti é um excelente vetor para a forma urbana da doença. É considerado o vetor clássico desta arbovirose.

Fonte: https://weheartit.com/articles/306718146-febre-amarela
E um outro mosquito, temido por muitos moradores da região amazônica, são os do gênero Anopheles .

Fonte: https://cdn.orkin.com/images/mosquitoes/mosquito-illustration_360x286.jpg
São os transmissores da malária humana no Brasil, sendo encontrados em áreas de baixas altitudes, quase sempre associado aos grandes cursos d'água e florestas do interior (ocorrendo também no litoral), utilizando as grandes coleções líquidas para o desenvolvimento de suas formas imaturas, tais como: lagoas, açudes, represas e bolsões formados nas curvas dos rios onde há muito pouca correnteza. Seus criadouros são, por excelência, de águas profundas, limpas, pouco turvas e ensolaradas ou parcialmente sombreadas, onde suas larvas e pupas habitam as margens, escondidas entre a vegetação emergente ou flutuante e os detritos vegetais caídos na superfície líquida. Estes criadouros são utilizados, indiscriminadamente, durante todo o ano e, por serem permanentes, funcionam como focos de resistência durante a estação mais seca. Costuma atacar o homem, dentro das casas, nas horas mais altas da noite.Está amplamente distribuído no território sul-americano a leste dos Andes, na Colômbia, Venezuela, Bolívia, Peru, Paraguai, Argentina, Brasil e nas Guianas.

Ciclo de transmissão da Malária:
Fonte: https://static.todamateria.com.br/upload/53/c7/53c7dd76f26e9-malaria-large.jpg